"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor."

Amyr Klink

domingo, 30 de maio de 2010

BARRAGENS DE SÃO FRANCISCO DE PAULA, ABRIL DE 2007

No domingo dia 29 de Abril de 2007 subi novamente a serra em direção a São Francisco de Paula, a bela São Chico. Esta seria minha última aventura a bordo do Graxaim, meu Vitara Canvas que estava à venda após mais de dois anos de companhia.
O roteiro do dia era visitar as barragens existentes entre Canela e São Chico, usando ao máximo possível estradas de terra pelo interior dos municípios. O tempo estava perfeito, céu muito azul com poucas nuvens, enfim dia excelente para um belo passeio e muitas fotos.

Saindo de Canoas, segui por asfalto via Novo Hamburgo e Sapiranga até Três Coroas, onde abandonei o asfalto e segui em direção à Barragem da Canastra, passando em frente ao Parque das Laranjeiras de onde saem as turmas que vão encarar o raft no Rio Três Coroas. Após algum trabalho e algumas entradas erradas, descobri um atalho que leva ao que sobrou da antiga casa de controle da barragem, hoje totalmente em ruínas. A casa de controle dá acesso à parte superior da barragem, de onde se pode apreciar um belo visual da região e fazer belas fotos.

Voltando pelo caminho até a última bifurcação antes de chegar à barragem, é possível fazer o contorno e chegar na barragem pela sua parte de baixo. Mais uma paradinha para conferir o visual e vamos em frente, o próximo ponto a ser visitado é a Barragem dos Bugres. A idéia inicial era chegar à Barragem dos Bugres passando pelo caminho ao lado do Morro da Canastra e Linha São Paulo, um caminho mais complicado, menos utilizado e mais “off-road”, cruzando por trechos de reflorestamento e estradas onde normalmente só circulam caminhões madeireiros e tratores............a expectativa era encarar alguns atoleiros leves e algum barrinho para pôr emoção ao passeio.

Infelizmente a região é pródiga em atalhos, desvios, bifurcações e caminhos alternativos e não consegui encontrar o desvio que deveria me levar até a região do morro da Canastra, conhecida como “Canastra Alta”. No meio das muitas tentativas de achar o caminho certo, acabei encontrando meio sem querer a Usina Hidrelétrica da Canastra da CEEE. Passeio sem GPS é assim, às vezes a gente não encontra o caminho desejado e acaba visitando lugares que não estavam no planejamento.

Seguindo adiante agora pelos caminhos conhecidos, passamos pela UHE dos Bugres e contornando o lago da barragem chega-se à sua bela represa.


Após uma parada de alguns minutos para curtir o local, resolvi seguir adiante pela estrada de contorno em direção à Canastra, acompanhando por alguns quilômetros a tubulação metálica que conduz a água da Barragem dos Bugres até a Usina da Canastra.

Pegando uma pequena trilha fechada em meio à mata, iniciando ao lado da estrada foi possível descer até bem junto dos tubos de condução de água e tirar algumas fotos deste curioso cenário de enormes tubos metálicos que mesmo aparentemente abandonados em meio à mata, seguem cumprindo através de décadas sua função de conduzir água para a geração de energia elétrica na Usina da Canastra, alguns quilômetros serra abaixo.

Retornando ao caminho original, continuamos subindo forte a serra até mais adiante voltarmos ao asfalto da estrada que liga Canela a São Chico, mas somente até o acesso à Barragem do Salto.
Pouco depois de passar em frente à represa do Salto, entra-se à direita para seguir na estradinha que vai levar às barragens do Blang e Divisa.
Infelizmente não existe sinalização, placas, nada, então para quem não conhece exatamente o caminho, fica muito fácil se perder, a orientação é um pouco intuitiva mesmo.............O caminho é um pouco longo e todo por estradinhas de chão desertas com muitas pedras soltas, cruzando algumas porteiras, fazendas, campos e áreas de plantação de pinus de reflorestamento. Muito raramente se cruza com algum outro automóvel, e mesmo casas de fazenda são raras nesta região. A sensação de isolamento e distância da civilização são muito fortes aqui, assim como a consciência de que qualquer necessidade de auxílio externo se tornaria bastante complicado.
A idéia inicial era chegar no Blang, mas os desvios e erros do caminho me levaram à Barragem da Divisa. Melhor assim..............a Divisa é menor que o Salto e o Blang mas é muito bonita em termos de cenário, compondo um belo visual da barragem que deságua numa cachoeira acessível através de uma trilha curta pela mata. Também foi a única barragem das que visitei no dia que estava com o nível da água acima do vertedouro, formando uma bela cascata branca sobre a represa.


Após uma bela caminhada, muitas fotos e uma parada para descanso, segui em direção à Barragem do Blang, a maior das três barragens que compõe o “Sistema Salto” de geração de energia elétrica nos municípios de São Chico e Canela. Esta eu já conhecia de outras visitas mas é sempre um prazer revisitar o Blang.

Desta vez a barragem estava cheia, o visual de cima da represa nota 10, o barulho da água sendo descarregada pelo tubo do vertedouro ensurdecedor.............enfim, mais um lugar perfeito para contemplar a natureza, o cenário, fotografar, curtir e relaxar um pouco.



Saindo do Blang, segui por uma estradinha com muitas pedras até São Chico, chegando à cidade por volta das 15:00h..............hora de procurar um almoço improvisado para acalmar a fome que a estas horas já se manifestava com força. Após um Xis Salada meio sem-graça e uma latinha de cerveja na rua principal, era chegada a hora de tomar o rumo de volta para casa.
Resolvi então aproveitar o dia bonito e de céu azul, temperatura amena e a minha falta de pressa de chegar em casa para tentar um caminho de volta diferente, ou seja fazer a descida da serra a partir de São Chico pela estrada da Roça Nova.
A Roça Nova é uma antiga estrada de chão e muitas pedras, hoje praticamente abandonada, que inicia junto ao Lago São Bernardo e segue por meio de vales e áreas de mata nativa, serpenteando e descendo a serra até finalmente chegar no município de Rolante.
Não conhecia a distância, tampouco as condições da estrada e o tempo que levaria para percorre-la. Alguns moradores da beira da estrada a quem pedi informações diziam 18km, outros 30km, outros simplesmente demonstravam espanto com minha pergunta e se limitavam a dizer um “mas filho, a estrada aí na frente é muito ruim”..........mas resolvi arriscar e seguir assim mesmo, somente com a certeza de que sairia em Rolante, mais cedo ou mais tarde.
O visual da estrada da Roça Nova é lindo, a estrada é realmente abandonada e no trecho todo não cruzei com nenhum outro carro naquele final de tarde. As montanhas e o verde em volta da estrada são impressionantes.
Valeria a pena percorrer este caminho bem devagar, curtindo o cenário, parando para fotografar, porém o fato de não conhecer a distância que tinha pela frente, aliado ao sol que já começava a se esconder por trás das montanhas e a pouca vontade de encarar algum trecho naquele pedaço abandonado de estrada durante a noite me fizeram apertar o pedal do acelerador ao máximo dentro das possibilidades da estrada e acabei não parando uma só vez para fotografar. Valeu pelo conhecimento e pela aventura, mas terei que voltar à Roça Nova com mais calma em outra oportunidade para desvendar melhor seus caminhos.
Cheguei a Rolante já no finalzinho da tarde. Deste ponto em diante, a aventura terminava e só me restava o asfalto de volta para casa, passando por Taquara, Morungava e Gravataí. Foi um dia longo e de muita estrada de terra, muita pedra, muitos lugares bonitos, a alma lavada pela aventura, pelos cenários e imagens da serra que ficaram gravados na câmera fotográfica e acima de tudo na memória.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

BACUPARI E FAROL DA SOLIDÃO, JANEIRO DE 2007

Com tudo previamente planejado, o jipe abastecido e revisado, no sábado dia 20/01 acordei às 5:00h e às 5:25 já estava com o pé, digo, os pneus na estrada. A noite ainda fechada. Na falta de companheiros, decidi encarar a empreitada sozinho mesmo.

O destino desta vez era a região de Mostardas, no litoral do RS. O plano, rumar por asfalto, pela RS-040 e depois pela RST-101 até a localidade de Bacupari e então, seguindo pela beira do mar, atingir a Barra da Lagoa do Peixe, em Mostardas.

Acompanhar o amanhecer na estrada é uma experiência única. Porém desta vez a alvorada trouxe nuvens carregadas cobrindo totalmente o céu. O rádio sintonizado nas notícias do dia trazia uma previsão de tempo nada animadora – chuva e vento forte.....mas já estava na estrada, e quem sai na chuva é pra se molhar, portanto segui em frente sem me importar com as previsões e nuvens. Após 135km, muitos buracos no asfalto da RST-101 e pouco mais de duas horas de estrada, estava em frente à Lagoa do Bacupari, exatamente às 7:30h da manhã.

A chuva já tinha dado as caras de vez e ventava forte. O tempo se apresentava totalmente encoberto, permitindo poucas fotos.

Com a 4x4 acionada, peguei a trilha entre as dunas que leva da lagoa até a beira do mar, e chegando na praia pude perceber que meu objetivo de viagem não poderia ser atingido.....a chuva e o vento forte fizeram o mar subir, invadir a faixa de areia e levar as ondas até quase as dunas. Além disso com a chuva, formam-se vários pequenos “arroios” mais profundos na praia, desaguando no mar e que precisariam ser atravessados. Uma avaliação rápida da situação me fez perceber que seria muito arriscado seguir pela praia, ainda mais sozinho, sem poder contar com outro jipe para ajuda num eventual resgate. Sem opções, voltei à lagoa do Bacupari.

De volta à RST-101, antiga "Estrada do Infrno", decidi seguir, por asfalto mesmo, até Mostardas, apostando numa melhora do tempo. Mas infelizmente o tempo só piorou e acabei mudando mais uma vez meus planos. A chuva pesada não ofereceria condições de uma visita aproveitável à Lagoa do Peixe.
Decidi, pra não perder a viagem, dar uma passada na praia e Farol da Solidão. O acesso ao Farol da Solidão a partir da RST-101 é feito por uma estradinha aberta entre as dunas de areia. Chegando ao farol, estacionei o jipe e resolvi sair para uma caminhada na praia e tirar algumas fotos, apesar da chuva e do vento forte que insistiam em me acompanhar.

Como a maré havia baixado um pouco e o vento estava bem mais fraco, resolvi arriscar uma travessia pela praia, voltando do farol até o Bacupari, num trecho de uns 30 km. Andando em 4x4 e após rodar sem sustos por uns 5km, ao sair de uma “lagoa” que se formara na areia devido à maré alta da manhã, perdi embalo e o jipe agarrou.....sem insistir muito para não cavar mais, desci do jipe e avaliei a encrenca.....as quatro rodas enfiadas num terreno de areia fofa e instável, chuva forte, a maré alta chegando vez por outra quase até onde o jipe estava.... maravilha !
Entrei no jipe, engatei a reduzida e resolvi tentar, afinal não tinha muitas opções....reduzido e acelerando beeeeeeeeeem de leve, primeiro para trás, depois para frente, consegui movimentar o jipe até que bingo ! O Vitara ganha tração e sai na boa do atoleiro. O susto chamou o meu bom senso de volta e resolvi abortar a travessia. Voltei ao Farol da Solidão e tomei novamente o acesso à RST-101 em meio às dunas.

A chuva da última hora transformou a trilha de areia num atoleiro digno da Estrada do Inferno, com muito barro e atoleiros enormes. Os 5km foram vencidos em 4x4 reduzida, com muita adrenalina e diversão, o verdadeiro tratamento anti-stress !
De volta aos infiniros e perigosos buracos da RST-101, não me restava mais nada a não ser tomar o rumo de casa........a chuva não dava trégua e mostrava que tinha vindo para ficar.

Voltei um pouco frustrado por não atingir o objetivo final do meu passeio. Mais uma vez a Lagoa do Peixe ficou só nos planos. Por outro lado a chuva e o vento trouxeram oportunidades únicas – os atoleiros, as praias completamente desertas, o vento frio, a sensação de paz. São estes momentos raros que fazem a vida valer a pena.

SERRA DO UMBU, NOVEMBRO DE 2006

No feriado de 15 de Novembro de 2006, subimos a serra para um passeio pela região de São Francisco de Paula, Riozinho e Rolante.

Chegamos a São Chico antes do almoço e fomos curtir o lindo de sol a beira do Lago São Bernardo, tendo como pano de fundo de nossa paisagem o belo Hotel Cavalinho Branco - http://www.hotelcavalinhobranco.com.br/.
O almoço como sempre em São Chico foi no excelente Trattoria Pasta Nostra.



Após o almoço, seguimos a RS-020 em direção a Cambará do Sul, para após 18 km entrarmos a esquerda na estrada que liga a região a Maquiné e à BR-101 no litoral, descendo a Serra do Umbu. A estrada é toda chão e pedras, e a medida que nos aproximamos da descida da serra os campos limpos e capões típicos da região dão lugar às araucárias e mata fechada. Do trevo de acesso na RS-020 até o inicio da descida da serra são 25km.

No alto da Serra do Umbu existe um mirante de onde se tem uma linda vista da estrada e do vale lá baixo. A descida é extremamente íngreme, a estrada estreita e repleta de pedras. O cuidado é redobrado e atenção dividida com as maravilhosas paisagens que se descortinam a cada nova curva.

Após descermos a serra, seguimos pela estradinha em direção a localidade de Barra do Ouro. Ao lado da estrada, acompanhamos um belo rio de águas límpidas e de fundo pedregoso. O sol forte e o calor do mês de novembro convidavam a molharmos os pés na água. Logicamente não resistimos e aproveitamos a oportunidade impar de comunhão com a natureza.

Após a brincadeira na água gelada do riozinho, seguimos em frente em direção à Barra do Ouro, que fica a exatamente 38km do trevo de acesso na RS-020. Cruzamos rapidamente a pequena localidade, que se resume a algumas casas, um armazém, algum comércio, não sem antes pedir informações no armazém sobre a estrada que liga a Riozinho e Rolante, pela Serra da Boa Vista.

A estrada começa logo após uma pequena ponte, entrando à direita no sentido de quem vem de São Chico. Logo estamos novamente escalando uma subida extremamente íngreme e estreita por uma estradinha de pedras e nenhum transito, percorrida apenas pelos poucos que se aventuram e se dispõe enfrentar suas curvas e muitos buracos. É claro que as paisagens e a sensação de aventura e contato com a natureza recompensam todo o esforço.

Do alto da Serra da Boa Vista, temos uma vista privilegiada da serra, das montanhas e dos vales distantes. Os 35km que separam Barra do Ouro de Riozinho parecem não acabar nunca, avançamos lentamente em função das condições da estrada. No trecho todo, feito em pouco mais de 1 hora, não cruzamos nenhum outro veiculo, apenas algumas carroças e bicicletas próximas às poucas casas de colonos que margeiam a estrada.

Chegamos finalmente a Riozinho, com a tarde já se acabando, e rumamos direto a Rolante onde fizemos uma parada rápida para descanso e um delicioso café. Daqui para frente nos restava apenas o asfalto e o transito da estrada até Taquara, e de lá o retorno para nossa casa em Canoas, onde chegamos já noite, empoeirados, cansados, mas extremamente felizes e de alma lavada por mais este passeio realizado, mais 310km de novos lugares e paisagens registrados na memória.

CAMBARA DO SUL, JULHO DE 2006

Em Julho de 2006, tomamos novamente o rumo dos Campos de Cima da Serra com destino a Cambará do Sul, para um final de semana de muitas caminhadas nos cânions, descanso e boa comida.
Saímos cedo e após a tradicional parada no Café Tainhas para um descanso, chegamos a Cambará pouco depois do meio dia. Providenciamos um almoço rápido e simples e na seqüência rumamos para a pousada.

Ficamos desta vez hospedados na pousada Recanto dos Amigos, uma fazenda localizada a 3,5km da cidade de Cambará. Fomos muito bem recebidos pela Silvana e Edinho, os proprietários da pousada que realmente fazem valer o nome “Recanto dos Amigos” tratando os hóspedes como se fossem “da casa”.....A pousada também agradou muito pelo aconchego, pela limpeza e organização de seus ambientes.

Jipe descarregado, mochilas desfeitas, saí ainda a tarde para uma caminhada de reconhecimento pelos campos ao redor da pousada.

Após uns 30min de caminhada chegamos à Cachoeira do Tio França, e próximo a ela ainda é possível chegar a mais duas cachoeiras menores, todas muito bonitas recompensando o esforço da caminhada através da mata de araucária nativa, embora o tempo não estivesse bom, com o céu encoberto por muitas nuvens.


Chegando da caminhada, nos reunimos todos em volta da lareira, acompanhados de pinhão e chimarrão, para assistir à derrota do Brasil contra a França que eliminou nossa seleção da copa do mundo de 2006.

À noite saímos para jantar no Restaurante Galpão Costaneira. Excelente janta de comida campeira regada a vinho colonial e acompanhada pela gaita do Agripito, gaiteiro já lendário em Cambará do Sul. A janta se estendeu e ficamos até tarde em volta do gaiteiro, curtindo aquele clima gostoso de galpão de campanha, sempre acompanhados de bons copos de vinho. Não têm lugar mais aconchegante e gostoso para jantar em Cambará !
No domingo, amanhecemos sob intensa cerração fechando totalmente a paisagem e impedindo qualquer possibilidade de visita ao cânion na parte da manhã, como era nosso plano inicial. Após um ótimo café da manhã e tomarmos um bom chimarrão, partimos próximo ao meio dia e aproveitando que o tempo dava sinais de melhora, arriscamos uma visita rápida ao Fortaleza.


Infelizmente ao chegarmos lá nos deparamos com o cânion completamente encoberto pela viração, impossibilitando curtirmos o visual único do Fortaleza. Mesmo assim aproveitamos para caminhar um pouco pelas trilhas na borda do cânion e curtirmos alguns momentos de silêncio e contato com a natureza.

Sem muito mais o que fazer, pois a cerração ficava cada vez mais densa, retornamos ao jipe e deixamos Cambará.

Embora o tempo não tenha contribuído para aproveitarmos melhor nosso final de semana, voltamos felizes pelos momentos de paz, tranqüilidade, amizade e contemplação que Cambará sempre nos proporciona a cada nova visita. Desde a partida já fica a saudade e os planos de uma nova visita a esta região tão especial e aconchegante.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

NOVA PÁDUA, ABRIL DE 2006

No feriado de 1º de Maio de 2006, subimos a serra para conhecer a cidade de Nova Padua e o roteiro dos "Vinhos dos Altos Montes".

Nosso roteiro era: Canoas, Caxias do Sul, Flores da Cunha, Nova Pádua, Nova Roma, retornando a Canoas, totalizando 340 km de estrada.

O objetivo do dia era conhecer a região dos vinhedos entre Flores da Cunha e Nova Pádua. O tempo bom, céu claro e friozinho eram prenúncios de uma ótima viagem e bonitas paisagens.
Partindo de Canoas, tomamos a RS-122 até Caxias do Sul, e de lá seguimos pela estrada que leva a Flores da Cunha e Antonio Prado. Após uns 10km nesta estrada, pouco antes de chegarmos à cidade de Flores da Cunha, entramos a esquerda no trevo que dá acesso à estrada que leva a Antonio Prado. Desta forma, evitamos entrar pelo centro da cidade desviando assim do trânsito. O centro de Flores da Cunha não oferece atrações turísticas que justifiquem uma visita mais demorada, as maiores atrações e as paisagens mais interessantes estão no interior e é para lá que ajustamos nossa rota de destino. Do trevo para Antonio Prado, andamos mais uns 5km e novamente entramos a esquerda na estradinha que vai nos levar a Nova Pádua.


Temos pela frente inesquecíveis 12km de estrada asfaltada, nova, perfeita e com pouco trânsito, cruzando uma região de vales e montanhas com paisagens fantásticas de parreirais e vinhedos à beira da estrada, rústicas casas coloniais e vinícolas onde se pode chegar, fazer uma degustação e levar de lembrança alguns dos bons vinhos produzidos na região.


Pouco antes de chegarmos à cidade de Nova Pádua cruzamos pelo pórtico da cidade, local obrigatório de parada para algumas fotos.

A cidade de Nova Pádua é linda, limpa, pequena, tranqüila, silenciosa, organizada. De colonização italiana, têm na praça central e na sua Igreja o maior atrativo turístico. Vale a parada em frente a Igreja para um breve descanso e algumas fotos de lembrança.


Seguindo em frente após Nova Pádua, pouco adiante deixamos a estrada e entramos a direita, em direção ao Belvedere Sonda, sem dúvida a grande atração em termos de paisagem da região. Acompanhando as placas de indicação, mais 3km e entramos novamente a esquerda em uma estrada cascalhada de 1km que dá acesso ao belvedere. De lá temos uma vista maravilhosa do Rio das Antas correndo lá embaixo em meio às montanhas. Também é possível avistar o cachoeirão do Rio das Antas, a balsa onde faremos a travessia para o outro lado do vale e mais adiante a obra de construção da barragem da hidroelétrica Castro Alves. Este é um local para muitas fotos, e também para ficar um bom tempo simplesmente admirando a beleza e o silêncio da serra, das montanhas, do rio das Antas e seu vale.

Junto ao belvedere existe uma pousada e também um restaurante que serve pratos típicos italianos, do qual tínhamos ótimas referências para nosso almoço, mas infelizmente estava fechado, em pleno feriado de 1° de maio....como as opções em Nova Pádua são poucas em termos de restaurantes, acabamos tendo que retornar a Flores da Cunha para um almoço meio improvisado já às 2:00 da tarde.
Após o almoço retornamos a Nova Pádua e agora seguimos em frente com destino a Nova Roma. Após o trevo que dá acesso ao Belvedere Sonda, a estrada deixa de ser asfaltada, porém é bem cascalhada e está em boas condições. A paisagem agora é de penhascos, fortes descidas, mato fechado formando quase um “túnel verde” sobre a estrada, natureza em estado puro. A estrada desce forte em direção ao Rio das Antas, até o ponto onde atravessamos o rio pela balsa.



A balsa é uma atração a parte para quem está acostumado à vida na cidade, pressa, tecnologia etc..........em pleno séc. XXI ela ainda é movida a mão, puxada através de alavancas e cabos de aço de um lado para o outro do rio, proporcionando uma travessia do rio lenta e silenciosa, perfeita para admirar a paisagem em volta.

Saindo da balsa seguimos pela estreita estrada de chão, subindo agora novamente o vale até Nova Roma. No meio do caminho uma parada em um mirante para observarmos a grandiosa obra de construção da barragem no Rio das Antas, com a movimentação frenética de máquinas e homens e fazendo pensar sobre os impactos desta obra sobre uma paisagem tão intocada e bela que é este vale do Rio das Antas.

Chegando a Nova Roma perguntamos sobre a estrada que leva a Farroupilha, RS-448, é bem fácil e não tem erro, após Nova Roma são aprox. 40km de estrada asfaltada nova e de pouco trânsito ligando Nova Roma à RS-453 que leva a Farroupilha.
Inicialmente cruzando uma região de colônia, a estrada se torna incrivelmente sinuosa descendo forte até a ponte de ferro que cruza sobre o Rio das Antas e depois subindo novamente até Vila Jansen. Este trecho de serra é extremamente bonito, as paisagens são de tirar o fôlego e vale a pena andar bem devagar aproveitando o visual a cada nova curva. Na ponte de ferro paramos para umas fotos, um descanso e uns momentos de contemplação da paisagem de final de tarde sobre o rio das Antas.
Seguindo em frente e após passarmos pela Vila Jansen, retornamos à RS-448 e de lá tomamos a RS-122 de volta a Farroupilha e Canoas.
Foi um dia de muitas paisagens inesquecíveis guardadas em nossas lembranças, ótimas fotos, muitos momentos agradáveis de descontração e felicidade por termos tão perto de nós regiões ainda tão bonitas e tranqüilas. Alguns km de novas estradas no currículo e vários kg de stress deixados para trás pelo caminho.

SÃO JOSÉ DOS AUSENTES, MAIO DE 2005

Em Maio de 2005, tive a feliz oportunidade de levar minha familia, o filhote com então 2 anos de idade inclusive, para conhecerem São José dos Ausentes.
Foi um final de semana de muito sol, algum frio e excelentes recordação. Destes agradáveis dias, nasceu o relato abaixo:

Roteiro: Canoas, Taquara, São Francisco de Paula, Cambará do Sul, São José dos Ausentes, totalizando 590 km de estrada.

Pontos Visitados: Cânion do Montenegro, Fazenda Potreirinhos, Desnível dos Rios, Cachoeirão dos Rodrigues.

No dia 28 de maio de 2005, sábado, pegamos a estrada bem cedo com destino a serra. Nosso destino era a região dos Campos de Cima da Serra, mais especificamente São José dos Ausentes. A expectativa era grande pois quando visitei Ausentes em 2001, tive a infelicidade de pegar dias nublados e com chuva, portanto não foi possível admirar o maravilhoso visual da região. Desta vez não, o dia amanheceu limpo, claro, perfeito e o fim de semana prometia. Apesar de estarmos em final de maio, não fazia frio.
Saimos às 7:30 de Canoas e tomamos a RS-020 por Gravataí, subindo até São Francisco de Paula. São 110km, feitos em 1:30h. De São Chico rumamos direto a Cambará, ainda pela RS-020, sem esquecer da paradinha clássica no Café Tainhas para um pastel de queijo serrano e uma xícara de café.
Chegamos em Cambará às 10:30h após 180km de estrada asfaltada em boas condições. Levamos 1h para cumprir o percurso entre São Chico e Cambará, já descontados os 30min do cafezinho em Tainhas. Após abastecer o Vitara, iniciamos o trajeto entre Cambará e Ausentes. Aqui o passeio começa a ficar mais interessante. Temos pela frente 55km de estrada de pedra, muitos buracos e um visual que compensa todo o esforço. A estrada corta regiões de mata de araucária e diversos riachos por onde é possível atravessar com o jipe. O único povoado durante todo este trecho é a vila de Osvaldo Kroeff, onde fica a fábrica da Celulose Cambará, aprox. 15km após a cidade.

A velocidade é baixa devido às condições da estrada e também para podermos curtir melhor as paisagens da região. Levamos 1:30h para alcançarmos Ausentes, aonde chegamos pouco depois do meio dia. Até Ausentes, saindo de Canoas, foram no total 235km e 4 horas de estrada.

Após o almoço voltamos à estrada com destino ao cânion do Montenegro. Saindo de Ausentes deve-se seguir em direção ao distrito de Silveira. São pouco mais de 20km por estrada de chão, porém em condições bem melhores que no trecho entre Cambará e Ausentes, com poucos buracos e pedras e bem mais larga. Pouco depois da vila do Silveira, existe um entroncamento na estrada onde deve-se tomar à direita para visitar o cânion ( estrada de acesso a Bom Jardim da Serra, em SC ). Este entroncamento está exatamente a 26km da cidade de Ausentes. Existem placas e o caminho é bem sinalizado, então não existe perigo de ficar perdido......A partir deste ponto são mais 18km até a borda do cânion do Montenegro. O acesso é feito pela Fazenda Pousada do Montenegro.

Até aqui foram no total 280km, chegamos no cânion às 14:20h. Foram 60min de estrada a partir de Ausentes, andando sem pressa. Se em 2001 tudo o que vi foi neblina, desta vez o cânion estava totalmente visível, tempo aberto, céu azul. Deixamos o Vitara a uns 500m da borda do cânion e fomos caminhar pela sua borda. À direita temos o Pico do Montenegro, que é considerado o ponto mais alto do RS, com 1.403m de altitude. O Montenegro impressiona por sua beleza e grandiosidade e apesar de ser pouco conhecido, nada fica a dever aos conhecidos cânions de Cambará do Sul. O visual é deslumbrante e merece um tempo para ser admirado com bastante calma.

Saindo do cânion às 15:20h retornamos pelo mesmo acesso até o entroncamento das estradas após a vila do Silveira, para agora tomarmos à esquerda a estrada que segue até São Joaquim em SC. Este é o caminho para a Pousada Potreirinhos, onde nos hospedamos. Chegamos pouco depois das 16:00h, após um total de 310km rodados desde Canoas. Do cânion à Pousada Potreirinhos são 29km, sendo que a partir da estrada de acesso a São Joaquim, temos 9km na estradinha que leva à Potreirinhos e Cachoeirão dos Rodrigues. A Pousada Potreirinhos oferece acomodações bastante simples, sem muito conforto porém plenamente compensado pela beleza da região onde ela está localizada, pela simpatia e dedicação dos proprietários Chico e Nilda e pela saborosa comida servida aos hóspedes. É como se estivéssemos em casa.

No entorno da Potreirinhos existem algumas atrações imperdíveis, que merecem ser visitadas com bastante calma.
O Cachoeirão dos Rodrigues fica localizado na pousada de mesmo nome, bem pertinho da Potreirinhos. Pode ser visitado num belo passeio a cavalo, ou indo de carro até a Pousada Cachoeirão e de lá uma caminhada curta até a borda da cachoeira.
O Desnível dos Rios, outro ponto a ser visto, é acessível pela Pousada Potreirinhos, em uma caminhada curta que dá acesso a este ponto onde os rios Divisa e Silveira quase se encontram, correndo paralelos divididos por uma rocha e com um desnível de 20m entre os dois. Do desnível é obrigatória a subida ao topo do Morro Maracajá, para se ter uma linda visão panorâmica de toda a região e a melhor vista do Desnível dos Rios. Vale a pena reservar algum tempo para sentar no topo do Maracajá e curtir a paisagem dos Campos de Cima da Serra.

Após curtirmos todas estas atrações, a hospitalidade do Chicão e da Nilda e o clima de Ausentes, iniciamos a viagem de retorno no domingo, dia 29 de maio, saindo da pousada às 16:00h. Até Cambará, direto da pousada, foram 85km, cumpridos em 2h20min. Chegamos a Cambará já noite........cansados, empoeirados mas muito felizes. Dali até Canoas somente nos restavam 180km de asfalto. Foram no total dois dias, 590km, nenhum problema com o Vitara que mais uma vez provou sua robustez, conforto e confiabilidade, muita estrada e muitas imagens gravadas em nossas lembranças, ótimas fotos de recordação e novas histórias para contar.