"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor."

Amyr Klink

domingo, 30 de maio de 2010

BARRAGENS DE SÃO FRANCISCO DE PAULA, ABRIL DE 2007

No domingo dia 29 de Abril de 2007 subi novamente a serra em direção a São Francisco de Paula, a bela São Chico. Esta seria minha última aventura a bordo do Graxaim, meu Vitara Canvas que estava à venda após mais de dois anos de companhia.
O roteiro do dia era visitar as barragens existentes entre Canela e São Chico, usando ao máximo possível estradas de terra pelo interior dos municípios. O tempo estava perfeito, céu muito azul com poucas nuvens, enfim dia excelente para um belo passeio e muitas fotos.

Saindo de Canoas, segui por asfalto via Novo Hamburgo e Sapiranga até Três Coroas, onde abandonei o asfalto e segui em direção à Barragem da Canastra, passando em frente ao Parque das Laranjeiras de onde saem as turmas que vão encarar o raft no Rio Três Coroas. Após algum trabalho e algumas entradas erradas, descobri um atalho que leva ao que sobrou da antiga casa de controle da barragem, hoje totalmente em ruínas. A casa de controle dá acesso à parte superior da barragem, de onde se pode apreciar um belo visual da região e fazer belas fotos.

Voltando pelo caminho até a última bifurcação antes de chegar à barragem, é possível fazer o contorno e chegar na barragem pela sua parte de baixo. Mais uma paradinha para conferir o visual e vamos em frente, o próximo ponto a ser visitado é a Barragem dos Bugres. A idéia inicial era chegar à Barragem dos Bugres passando pelo caminho ao lado do Morro da Canastra e Linha São Paulo, um caminho mais complicado, menos utilizado e mais “off-road”, cruzando por trechos de reflorestamento e estradas onde normalmente só circulam caminhões madeireiros e tratores............a expectativa era encarar alguns atoleiros leves e algum barrinho para pôr emoção ao passeio.

Infelizmente a região é pródiga em atalhos, desvios, bifurcações e caminhos alternativos e não consegui encontrar o desvio que deveria me levar até a região do morro da Canastra, conhecida como “Canastra Alta”. No meio das muitas tentativas de achar o caminho certo, acabei encontrando meio sem querer a Usina Hidrelétrica da Canastra da CEEE. Passeio sem GPS é assim, às vezes a gente não encontra o caminho desejado e acaba visitando lugares que não estavam no planejamento.

Seguindo adiante agora pelos caminhos conhecidos, passamos pela UHE dos Bugres e contornando o lago da barragem chega-se à sua bela represa.


Após uma parada de alguns minutos para curtir o local, resolvi seguir adiante pela estrada de contorno em direção à Canastra, acompanhando por alguns quilômetros a tubulação metálica que conduz a água da Barragem dos Bugres até a Usina da Canastra.

Pegando uma pequena trilha fechada em meio à mata, iniciando ao lado da estrada foi possível descer até bem junto dos tubos de condução de água e tirar algumas fotos deste curioso cenário de enormes tubos metálicos que mesmo aparentemente abandonados em meio à mata, seguem cumprindo através de décadas sua função de conduzir água para a geração de energia elétrica na Usina da Canastra, alguns quilômetros serra abaixo.

Retornando ao caminho original, continuamos subindo forte a serra até mais adiante voltarmos ao asfalto da estrada que liga Canela a São Chico, mas somente até o acesso à Barragem do Salto.
Pouco depois de passar em frente à represa do Salto, entra-se à direita para seguir na estradinha que vai levar às barragens do Blang e Divisa.
Infelizmente não existe sinalização, placas, nada, então para quem não conhece exatamente o caminho, fica muito fácil se perder, a orientação é um pouco intuitiva mesmo.............O caminho é um pouco longo e todo por estradinhas de chão desertas com muitas pedras soltas, cruzando algumas porteiras, fazendas, campos e áreas de plantação de pinus de reflorestamento. Muito raramente se cruza com algum outro automóvel, e mesmo casas de fazenda são raras nesta região. A sensação de isolamento e distância da civilização são muito fortes aqui, assim como a consciência de que qualquer necessidade de auxílio externo se tornaria bastante complicado.
A idéia inicial era chegar no Blang, mas os desvios e erros do caminho me levaram à Barragem da Divisa. Melhor assim..............a Divisa é menor que o Salto e o Blang mas é muito bonita em termos de cenário, compondo um belo visual da barragem que deságua numa cachoeira acessível através de uma trilha curta pela mata. Também foi a única barragem das que visitei no dia que estava com o nível da água acima do vertedouro, formando uma bela cascata branca sobre a represa.


Após uma bela caminhada, muitas fotos e uma parada para descanso, segui em direção à Barragem do Blang, a maior das três barragens que compõe o “Sistema Salto” de geração de energia elétrica nos municípios de São Chico e Canela. Esta eu já conhecia de outras visitas mas é sempre um prazer revisitar o Blang.

Desta vez a barragem estava cheia, o visual de cima da represa nota 10, o barulho da água sendo descarregada pelo tubo do vertedouro ensurdecedor.............enfim, mais um lugar perfeito para contemplar a natureza, o cenário, fotografar, curtir e relaxar um pouco.



Saindo do Blang, segui por uma estradinha com muitas pedras até São Chico, chegando à cidade por volta das 15:00h..............hora de procurar um almoço improvisado para acalmar a fome que a estas horas já se manifestava com força. Após um Xis Salada meio sem-graça e uma latinha de cerveja na rua principal, era chegada a hora de tomar o rumo de volta para casa.
Resolvi então aproveitar o dia bonito e de céu azul, temperatura amena e a minha falta de pressa de chegar em casa para tentar um caminho de volta diferente, ou seja fazer a descida da serra a partir de São Chico pela estrada da Roça Nova.
A Roça Nova é uma antiga estrada de chão e muitas pedras, hoje praticamente abandonada, que inicia junto ao Lago São Bernardo e segue por meio de vales e áreas de mata nativa, serpenteando e descendo a serra até finalmente chegar no município de Rolante.
Não conhecia a distância, tampouco as condições da estrada e o tempo que levaria para percorre-la. Alguns moradores da beira da estrada a quem pedi informações diziam 18km, outros 30km, outros simplesmente demonstravam espanto com minha pergunta e se limitavam a dizer um “mas filho, a estrada aí na frente é muito ruim”..........mas resolvi arriscar e seguir assim mesmo, somente com a certeza de que sairia em Rolante, mais cedo ou mais tarde.
O visual da estrada da Roça Nova é lindo, a estrada é realmente abandonada e no trecho todo não cruzei com nenhum outro carro naquele final de tarde. As montanhas e o verde em volta da estrada são impressionantes.
Valeria a pena percorrer este caminho bem devagar, curtindo o cenário, parando para fotografar, porém o fato de não conhecer a distância que tinha pela frente, aliado ao sol que já começava a se esconder por trás das montanhas e a pouca vontade de encarar algum trecho naquele pedaço abandonado de estrada durante a noite me fizeram apertar o pedal do acelerador ao máximo dentro das possibilidades da estrada e acabei não parando uma só vez para fotografar. Valeu pelo conhecimento e pela aventura, mas terei que voltar à Roça Nova com mais calma em outra oportunidade para desvendar melhor seus caminhos.
Cheguei a Rolante já no finalzinho da tarde. Deste ponto em diante, a aventura terminava e só me restava o asfalto de volta para casa, passando por Taquara, Morungava e Gravataí. Foi um dia longo e de muita estrada de terra, muita pedra, muitos lugares bonitos, a alma lavada pela aventura, pelos cenários e imagens da serra que ficaram gravados na câmera fotográfica e acima de tudo na memória.

3 comentários:

  1. cara, encontrei mais um apaixonado por este lugar...minha familia tem historia neste lugar. Meu pai trabalhou na construção desta barragem, do rio até o final dela, foram 9 anos...meus irmãos nasceram em são chico, melhor..na casa onde meus pais moravam que era da firma que construiu a barragem. Bom, do blang até o divisa, para ser mais preciso...na fazenda lambari, do Carlos schneider é o meu CHÃO, gosto muito deste lugar e vou seguido pra lá...tenho uma rural 4x4 e é tudo de bom, se quiser fazer contato para um dia desses irmos juntos pra lá, meu e-mail é valter.beneton@grupodass.com.br eu e minha familha, gostamos muito de acampar no blang. abraço e até mais...

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  2. Andrei,

    Também sou amante do off-road e da natureza e acho muito legais os relatos dos seus passeios.
    Estou planejando, junto com um grupo de amigos, um passeio 4x4 para o dia 26/10 pelas barragens de São Chigo e gostaria de saber se você pode me passar algumas dicas.

    Abraço,
    Alexandre

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    1. Alexandre, a dica que posso te dar é procurar refazer este percurso que fiz aqui neste "post"........partindo da barragem dos Bugres via Canela / Tres Coroas e visitando as barragens do Salto, Divisa e Blang, ou no sentido inverso saindo do centro de São Chico ir ao Blang, na sequencia Divisa e Salto.
      Qualquer que for tua escolha de trajeto, saiba que é off road tranquilo, na real nem é off road, é estrada de chão, co m bastante pedra e buracos mas qualquer carro passa.
      O caminho, principalmente entre as barragens da Divisa / Blang e o Salto, tem algumas "quebradas", se vc tem GPS é facil, se não dá uma pesquisada e na duvida pergunte nas casas e sitios pelo caminho que não tem erro.

      Um OTIMO PASSEIO !
      Abraços
      Arlei

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